quinta-feira, 30 de junho de 2016

FERREIRA DE CASTRO - 100 ANOS VIDA LITERÁRIA




Antes de me dirigir à Biblioteca Nacional, parei na Livraria Bulhosa (ambas no Campo Grande), para ali tomar um café. Esta excelente livraria (uma instituição em Lisboa) proporciona-nos, para além do café, um excelente ambiente, podendo nós sentarmo-nos calmamente num sofá a folhear os livros ali expostos, só é pena que o pessoal não me pareça tão simpático como o ambiente (todavia pode ser impresssão minha); por acaso também por ali circulava com o à vontade que nos é proporcionado, folheando, mexendo, qual cherne-leitor, o ex-primeiro ministro Durão Barroso. 

Segui depois para a Biblioteca Nacional, quase mesmo ali em frente, onde decorreu até ontem uma mostra sobre Ferreira de Castro - 100 anos de Vida Literária, mostra que, não posso deixar de salientar, era total e estranhamente desconhecida dos funcionários da casa pois, dos três empregados a quem perguntei, nenhum deles me soube indicar o lugar onde a exposição funcionaria...(em casa de ferreiro espeto de pau) por fim lá descobri, mesmo em frente a um dos funcionários a quem tinha perguntado, uma pequena vitrine com meia dúzia de edições antigas (? os livros eram velhos não sei é se as edições seriam antigas, porque nada era esclarecedor), mas tudo tão fraquinho, tão insuficiente.

Uma total decepção, uma miséria franciscana, diria mesmo que indigna quer da Instituição que a expôe quer da celebração centenária que neste ano de 2016 decorre; qualquer leitor de Ferreira de Castro mostraria melhor. Nada de nada que pudesse revelar algo de pessoal, algo que pudesse mostrar a sua sensibilidade, o grande homem, para além do escritor que foi, apenas, como já disse, meia dúzia de livros velhos...muito, muito fraquinho!   
Uma desilusão total para quem ali se dirige para o efeito e para quem certamente Ferreira de Castro representa um gigante das letras portuguesas e, sobretudo, um homem de uma dimensão e de uma sensibilidade inimagináveis.



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domingo, 26 de junho de 2016

"DEIXEM-ME SER QUEM SOU"




"CHICO, UM RAPAZ DE ALMADA" é um pequeno caderno que gentilmente me foi oferecido pelo seu autor (LUIS ALVES MILHEIRO).

Trata-se de um texto biográfico de homenagem a um dos melhores actores amadores do Concelho de Almada, amigo do autor. 

É o retrato de um homem que foi biografado num livro que tem dos títulos mais belos ("Deixem-me ser Quem Sou") e mais reveladores de alguém que faz da simplicidade e generosidade lema de vida. 

Os livros, como este, alertam-me e proporcionam-me momentos de satisfação pois é bom saber que ainda há pessoas assim, pessoas que são capazes de ver sempre o melhor que existe em cada um de nós - é bom saber que ainda há mundo para além dos mercados...


Actor de grande talento
Personagem de amizade
Intérprete do sentimento
Da palavra lealdade

quarta-feira, 22 de junho de 2016

"CONTOS COMPLETOS I" - JOHN CHEEVER - LEITURAS 2016 - XXV


O meu amigo Almeidinha costuma responder-me, quando lhe pergunto se gostou dum determinado livro de contos que acabou de ler: - contos são contos e apenas contos!

Pode ler-se na contracapa deste livro que estes contos (28) parecem por vezes a história de um mundo há muito desaparecido, quando a cidade de Nova Iorque era ainda inundada pela luz do rio, quando se ouvia Benny Goodman (clarinetista e músico de jazz) no rádio da papelaria da esquina e quando quase toda a gente usava chapéu.

Confesso que tinha alguma curiosidade em descobrir este autor, considerado um dos maiores escritores americanos do século XX, conhecido sobretudo pelos seus contos. 

No entanto, esperava mais, pois, na minha perspectiva, pelo menos neste livro, John Cheever não supera de modo nenhum a qualidade de dois grandes escritores do género: Guy de Maupassant e Raymond Carver.

John Cheever  -  EUA - 1912-1982



sábado, 11 de junho de 2016

"O CERCO" - HELEN DUNMORE - LEITURAS 2016 - XXIV



Relativamente à Segunda Guerra Mundial, uma das imagens mais marcantes que me ficou na memória, e que vi num documentário televisivo sobre o Cerco de Leninegrado, foi uma velhota a puxar uma carreta de madeira em que transportava o cadáver de um velhote, certamente seu marido ou familiar. 

No Inverno de 1941, os tanques alemães cercam Leninegrado. Isolada do mundo, a cidade definha, martirizada. Nas ruas, nos parques, nas casas, as pessoas vão morrendo de fome e de frio.

Dia a dia, Anna e a família vão aprendendo a sobreviver, queimando livros para se aquecerem, fervendo um pedaço de couro para fazer sopa, ou cortando pedacinhos de pão para armazenar.

"O CERCO" é realmente uma história comovente sobre o triunfo individual e a tragédia colectiva que nos desafia a reavaliar os limites da nossa memória histórica.

É uma terrível história de guerra narrada do ponto de vista do coração, não das trincheiras.

Em O CERCO, HELEN DUNMORE contrapõe o amor e o ódio, a barbárie e a amizade, a vida e a morte, para construir uma obra impressionante, onde a guerra é vista no seu lado mais humano.

Simplesmente comovente e quase inenarrável o sofrimento porque passou aquela heróica gente, cercada pelo ódio e pela mais sinistra barbárie e um retrato muito cruel do que pode ser capaz o ser humano.


Helen Dunmore - 63 anos - Yorkshire - Reino  Unido








segunda-feira, 6 de junho de 2016

"BONECA DE LUXO" - TRUMAN CAPOTE - LEITURAS 2016 - XXIII


Da colecção Mil Folhas, editado em 2004 pelo jornal "O PÚBLICO", este "BONECA DE LUXO" é um bom livro, dum excelente escritor.

Efectivamente, TRUMAN CAPOTE é um escritor genial, um escritor virtuoso que consegue criar personagens fantásticas como é, neste livro, o caso de Holly Golightly, uma jovem provinciana que viaja para Nova Iorque em busca do estrelato e do luxo mas que acaba por sucumbir precocemente; disse-se, na altura, que Holly era ele mesmo (Capote).  

Truman passou por fases difíceis tornando-se, a dado passo da sua vida, um dependente do álcool e das drogas, e teria um fim triste, sem glória.

No fim da sua vida dá-se conta, segundo as suas palavras, que nunca conseguiu fazer explodir toda a energia e excitação estética que a sua escrita continha e, este lamento, aproxima-o da personagem principal da "BONECA DE LUXO", Holly quando esta desabafa: "Sabia perfeitamente que nunca viria a ser uma estrela de cinema. É muito difícil".

Truman Capote morreria em Los Angeles, a 26 de Agosto de 1984, com 59 anos, possivelmente de "overdose".


Truman Capote com o seu messi


Nota:-Fiquei leitor indefectível de Truman Capote quando li "A SANGUE FRIO", o melhor livro que li este ano.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

LEITURAS 2016 - XXII - "UM PINGUIM NA GARAGEM" - LUÍS CAMINHA


Mas que vou eu dizer sobre este livro? é que cheguei à página 71 e continuo a mastigar, a mastigar e, sinceramente, repito, nem sei o que escrever, sem ser inconveniente, sobre um livro sobre o qual tinha lido tão boas referências, (o melhor livro que li nos últimos tempos; um livro magnífico, etc. etc.)... 

É que já li setenta páginas e nada de nada, não entra, não consigo avançar, acabou, é que nem sei o que hei-de dizer, a conversa tem sido mastigada como se fosse pastilha elástica, às vezes acontece-nos isto, levamos com um livro que, bastam dez/quinze páginas, para sentirmos que irá ser uma caminhada difícil e por maior esforço que façamos, embora avançando, avançando vamos sentindo que não sabemos por onde já passámos, e este é efectivamente um livro que não consegui avançar para além da página 70, custa-me muito deixar livros a meio (às vezes nem a meio, como é este o caso) mas sinto que estou a perder tempo e penso: com tanto livro bom (sem disprimor para este) que tenho para ler porque hei-de continuar a tentar mastigar este que não me desperta o mínimo dos mínimos de entusiasmo, pelo contrário, até actua no sentido inverso, ou seja, desmotiva-me para a leitura, daí partir para outro, quem sabe se ainda virá o tempo em que lhe darei uma segunda oportunidade...o que, sinceramente, dificilmente julgo que possa acontecer.


Luís Caminha