sábado, 30 de dezembro de 2017

"O MISTÉRIO DA LÉGUA DA PÓVOA" - AGUSTINA BESSA-LUÍS - LEITURAS 2017 - XXIV


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Este "O MISTÉRIO DA LÉGUA DA PÓVOA" é um daqueles livros de capa amarela que integra a muita interessante colecção que, por volta de 2004, foi publicada pelo jornal O INDEPENDENTE, e que ainda se encontram nalguns alfarrabistas.
Antes de ter sido publicada em livro, esta crónica tinha sido publicada no referido jornal, entre 2001 e 2002, como folhetim.


Talvez por isso eu tenha achado o livro, em determinado capítulos, algo repetitivo pois a autora teve certamente a intenção de manter sempre a par do que ia acontecendo os leitores que iam chegando e que poderiam ter perdido alguns folhetins anteriores.


Nele se narra a história verídica de Maria Adelaide Coelho da Cunha, "Senhora de São Vicente", filha mais velha e herdeira do fundador e co-proprietário do Diário de Notícias, o jornalista Eduardo Coelho, e mulher de Alfredo Cunha também jornalista, que, no fim da tarde de quarta-feira dia 13 de Novembro de 1918, saiu de casa, o palácio de São Vicente, à Graça, para nunca mais voltar e, dirigindo-se à estação de comboios do Rossio, comprou um bilhete para Santa Comba Dão onde pretendia começar uma nova vida junto de Manuel Claro o motorista da família, na Serra da Gralheira, e para levar uma vida de pobre, ignorando a fortuna de que era detentora, já que efectivamente era uma mulher muito rica. 

Contudo, uma vez que a Maria Adelaide seria, como já foi referido, a detentora de uma grande fortuna, o marido com medo de a perder (a fortuna) invocando que ela estaria louca e sem condições de gerir a sua vida conseguiu que fosse internada à força num manicómio (Hospital de Conde de Ferreira no Porto), num quarto em que a porta estava trancada com 6 ferrolhos, isto depois de avaliada por três famosos e reputados médicos alienistas (médico especializado em doenças mentais) da altura (Dr. Egas Moniz, o Dr.Júlio de Mattos  e o Dr. Sobral Cid, director e adjunto do manicómio de Miguel Bombarda) que a definem como "louca lúcida". Deste manicómio ela consegue, contudo, evadir-se por duas vezes. Depois do segundo internamento de Maria Adelaide, Manuel Claro recolheu aos calabouços da Relação para lá ficar sepultado durante quatro anos, acusado de rapto, no meio da turba de prisioneiros (eram mais de setecentos) nas piores condições que se possam imaginar e que fizera dizer a D. João V "isto tem de ser demolido".  


Uma vez posta em liberdade, Maria Adelaide nunca mais regressou a Lisboa, ficando a viver no Porto. Primeiramente em casa da família de Bernardo Lucas mas aqui apenas por algum tempo, mudando de alojamento por diversas vezes é de presumir que com a libertação de Manuel Claro fossem ambos viver juntos, ao que se julga na Rua da da Cedofeita. Maria Adelaide saiu do Hospital de Conde de Ferreira por ordem do Ministério do Interior, depois de muitas diligências do Doutor Bernardo Lucas, amigo de Maria Adelaide, a pretexto de que ela fora internada num manicómio sem mandado nem confirmação judicial.

Agustina Bessa-Luís é realmente uma grande escritora portuguesa. Este é o terceiro livro que leio dela, contudo, gostei mais dos outros dois (o romance "A SIBILA" e o romance histórico "FANNY OWEN").

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Agustina Bessa-Luís      Vila Meã-Amarante, 1922

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sábado, 23 de dezembro de 2017

"O SONHO DO CELTA" - MÁRIO VARGAS LLOSA - LEITURAS 2017 - XXIII

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"O SONHO DO CELTA" baseia-se na vida do irlandês Roger Casement, cônsul britânico, defensor dos direitos humanos, nacionalista irlandês que muito lutou para conseguir a independência do seu país, resultando na sua prisão e condenação à morte e executado, por traição (à Coroa Britânica).

Mas é sobretudo a denúncia das atrocidades do regime colonial no Congo belga e na Amazónia peruana, em inícios do séc. XX, a parte que achei mais interessante deste livro de mais de quatrocentas páginas.

Efectivamente, durante duas décadas denunciou a crueldade que se abateu sobre as populações locais -os indígenas- que são tratadas como selvagens e escravos, cuja extracção da borracha é por eles feita em condições inumanas e de absoluta escravidão a quem são infligidos os mais cruéis castigos apenas com o intuito de enriquecer os mercenários e bárbaros capatazes ao serviço das empresas de borracha coloniais.

Roger Casement é mais do que um personagem de romance, a sua vida extraordinária cheia de aventuras, ousadias, sonhos e perseguições é também um fragmento da história da humanidade que não desiste de ser humana e justa apesar das muitas desilusões que a cercam. 

Deste autor peruano, Prémio Nobel da Literatura 2010, já tinha lido três livros e de todos tinha gostado:
-"A guerra do fim do mundo" - um bom romance, 
-"Civilização do espectáculo" - excelente ensaio
- e de um muito bom "O Herói discreto" - este foi o do que mais gostei e aconselho.  

Não gostei deste indolente calhamaço de 438 páginas, e embora não pretendendo ser injusto (para ambos os autores) muito menos sendo minha intenção fazer qualquer julgamento, o Mário Vargas Llosa deste "O Sonho do Celta" fez-me lembrar um certo autor português (dono duma oficina de escrita com muitos artífices em horário laboral) a quem fazem encomendas de 575 páginas por semestre.


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Mário Vargas Llosa - Perú 1938
3 - razoável

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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

"STONER" - JOHN WILLIAMS - LEITURAS 2017 - XXII


STONER foi dos livros que mais gostei em 2017.

Que belo livro!

O Stoner do título é o protagonista deste romance -um obscuro professor de literatura, que até ao dia da sua morte dá aulas numa universidade do interior. A sua vida, brevemente descrita nos dois primeiros parágrafos deste romance, oferece um triste obituário. O que se segue, numa prosa precisa, despojada, quase cruel, é uma sucessão de fracassos de uma personagem que perde quase tudo -menos a entrega incondicional à literatura.

Stoner, filho único de camponeses humildes, é um tipo esquisito, misterioso, calado, observador, trabalhador rural quando jovem, a sua vida decorre sem qualquer interesse a não ser o interesse e o amor que lhe despertam os livros. O falhanço faz parte da sua existência, vive mergulhado na tristeza e solidão e um casamento triste que o magoa, maltrata e corrói.



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John Williams - Texas 1922-1994


"Stoner não passa de um romance sobre um tipo que vai para a universidade e se torna professor. Mas é também uma das coisas mais fascinantes que já vi na vida."  -  TOM HANKS (actor norte americano)



5 - muito bom

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sábado, 25 de novembro de 2017

"DOIS NEGROS EM ESTHERVILLE" - ERSKINE CALDWELL - LEITURAS 2017 - XXI




Um livro imprescindível para se conhecer o lado mais pérfido e mais cruel do ser humano.

Dois irmãos, afro-americanos, Ganus e Kathyanne, vindos do campo, chegam à pequena cidade de Estherville para cuidar da velha tia doente.

Ganus é uma personagem admirável, a sua ingenuidade, a sua infantilidade são absolutamente trucidadas a cada passo da sua vida, enfrentando um verdadeiro calvário para tentar um emprego, de que tanto necessita, O leitor consegue sentir na pele o sofrimento deste irmão de Kathyanne, parecendo, por vezes, sentir ele próprio as injustiças, a malvadez e o horror de que estes dois irmãos são vítimas, sobretudo Ganus. 

Caldwell traça aqui mais um perfeito retrato da mesquinhez e da maldade humanas e do ambiente de pequenez e malvadez das pequenas cidades americanas, onde, neste caso, o racismo imperava.   

Este excelente pequeno/grande livro de 179 páginas, é o nº. 155 duma excelente colecção que, em tempos -anos 60-, foi editado pelos Livros do Brasil, a Colecção Miniatura. Estão actualmente a ser reeditados alguns números (creio que já saíram seis), não sei se a colecção inteira, mas creio que não até porque a numeração dos títulos não é igual à primitiva. 

Aconselho vivamente este excelente livro sobre o racismo mas, sobretudo, sobre a crueldade, a malvadez de que o ser humano é capaz, em determinadas situações e ambientes.


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Erskine Caldwell  -  EUA 1903-1987

4 - bom

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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

"EPISÓDIO EM PALMETTO" - ERSKINE CALDWELL - LEITURAS 2017 - XX

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Também este, tal como todos os livros que já li de Erskine Caldwell, descreve muito bem a América rural, satiriza muito bem a situação dos pequenos proprietários rurais, da pequena burguesia das cidades provincianas às paixões racistas e religiosas.

Neste "EPISÓDIO EM PALMETTO" a principal protagonista, a professora Vernona Stevens é, por tendência instintiva, bem ao contrário da sua irmã velha que era indomavelmente impulsiva ou friamente calculista, conforme mais lhe convinha.

Vernona habituara-se a desejar os homens que não podia, ou não devia ter, mas isso não a impediu de tentar ser bem sucedida no cargo da nova professora do colégio de Palmetto.

A sua tentativa gorou-se, porém, antes mesmo de terminar a primeira semana de aulas, pois já então provocara nos habitantes da pequena cidade uma excitação nunca antes observada, atraindo numerosos e persistentes admiradores. 

Destes admiradores:
- um foi desencorajado com uma proposta audaciosa;
-outro foi bem acolhido mas, afinal, era casado;
-e um terceiro ameaçou suicidar-se se ela o desprezasse.

Perseguida pela sensualidade dos homens e pelos ciúmes das mulheres, Vernona acabará por dar largas à sua tendência instintiva ao longo de uma história que constitui um momento irónico à moralidade das cidades americanas.

Mais um bom livro deste que, não sendo um génio, foi um bom escritor, nascido pouco depois da viragem do século (1903-EUA), logo a seguir a uma série de outros grandes escritores americanos: Scott Fitzgerald e John dos Passos, Faulkner, Hemingway, Steinbeck.

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4 - bom

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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

"CERTAS MULHERES" - Erskine Caldwell - LEITURAS 2017 - XIX

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São sete pequenas e excelentes mas perturbantes histórias de certas mulheres que revelam bem os preconceitos e a mentalidade de certas pessoas e dos pequenos meios que conduzem a situações de mesquinhez e por vezes até dramáticas, talvez um livro um pouco triste. 

Erskine Caldwell colheu, uma rica e profunda da experiência humana, nos mais diversos meios sociais -em criança, como companheiro do pai, espécie de judeu errante sempre a saltar de terra em terra, mais tarde como operário, ajudante de cozinheiro, criado no bufete de uma estação. trabalhador numa fazenda algodoeira, maquinista num teatro de Filadélfia, profissional de basebol, jornalista, crítico, romancista e contista.

É pois um grande escritor fruto de todas estas circunstâncias que com este "CERTAS MULHERES" escreveu mais um belíssimo livro de que gostei imenso. Lê-se num ápice.

A edição que acabei de ler é uma edição muito antiga, o nº. 45, edição de 1963, de uma excelente colecção de livros de bolso da Editora Portugália e talvez por isso não tenha conseguido reproduzir a respectiva capa, pelo que, a que acima reproduzo, é de outra colecção da mesma editora.



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Erskine Caldwell - EUA - 1903-1987

4 - bom

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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

"BLONDE" - JOYCE CAROL OATES - LEITURAS 2017 - XVIII


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As férias foram grandes mas finalmente  estou de volta com os livros que vou lendo.

Marilyn Monroe foi em toda a sua -curta- vida uma criança e uma mulher infeliz; nunca teve a vida que sempre desejou. 
Desejou ter uma família, mas o pai nunca o conheceu, a mãe cedo foi internada numa casa de saúde mental, teria Marilyn não mais de cinco anos, por isso mesmo cedo conheceu as agruras dum orfanato onde foi igualmente internada.

Contudo, Marilyn Monroe, ou melhor Norma Jean Baker (seu verdadeiro nome) nasceu com um dom: o de uma grande actriz de cinema e neste aspecto foi realmente grande.

Joyce Carol Oates foi quem me encorajou a pegar neste calhamaço de mais de 600 páginas, apesar de não há muito tempo ter lido uma extensa biografia de Marilyn, mas Joyce Carol Oates é uma grande escritora e daí o dito encorajamento..

É a vida de Marilyn Monroe, uma vida sofrida, uma vida tão curta, uma mente que se tornou doentia com tanto sofrimento que a vida lhe causou. 

Tal como se pode ler na contracapa do livro, Norma Jean Baker era uma rapariga normal. Mas foi sob o nome de Marilyn Monroe que o mundo a conheceu.  

Uma referência obrigatória na história da idade do ouro de Hollywood, Marilyn transfigurou-se numa lenda global, capaz de suscitar a curiosidade, a admiração e adoração de milhares de admiradores de sucessivas gerações.

Ao abordar a vida de Marilyn, Joyce Carol Oates construiu o livro mais ambicioso e empolgante da sua já longa e invulgar carreira.
Mais do que uma biografia romanceada, trata-se de uma viagem à voz mais intima de Marilyn. 

Percorrendo as páginas fascinantes de BLONDE, podemos redescobri a criança, a mulher, o mito, enfim, a estrela assombrada pelo seu próprio sucesso.

Marilyn foi uma mulher de uma sensibilidade imensa mas que viveu a vida de olhos fechados, tudo o que vinha à rede era peixe, por isso muitos homens a possuíram, incluindo o Presidente John Kennedy, episódio aqui muito bem retratado, pois relata alguns dos encontros que ambos tiveram tanto em hotéis como em casas de Verão de amigos do Presidente.

A sua relação com outros artistas que com ela contracenaram- adorava Clark Gable; Dean Martin desprezava-a pois o comportamento de Marilyn punha-o fora de si, pois era um comportamento pueril e egoísta, sempre a chegar atrasada e incapaz de se lembrar nos diálogos por desprezo ou estupidez ou seriam as drogas a destruir-lhe o cérebro obrigando Tony Curtis e os outros a repetições constantes.

A causa da sua morte ainda hoje é um mistério que continua por esclarecer, tal como o assassinato do Presidente Kennedy, situações que, indirectamente, parecem estar ligadas.

É um bom livro embora eu pense que seiscentas e tal páginas são excessivas, dado que haverá episódios que são demasiado densos e poderiam ser reduzidos. 

O mundo do cinema, com todas as suas crueldades está aqui muito bem retratado.


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4 - bom

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domingo, 30 de julho de 2017

"DESEJO SOBRE OS ULMEIROS" EUGENE O´NEILL - LEITURAS 2017 - XVII

Desejo sob os ulmeiros - Eugene O'Neill
Que grande livro!

Esta excelente peça de teatro, cujo texto, duro como os tempos de então, retrata muito bem o ambiente sulista daquelas noites quentes de Verão em que o personagem principal descansa numa cadeira de longos espaldares de madeira, debaixo do alpendre daquela típica casa sulista americana.

Todo o sonho americano e todas as suas vicissitudes estão aqui presentes, até o "cheiro" do ambiente tenso que anda no ar se consegue absorver, o fervilhar da tensão produzida pelas relações entre os três irmãos, o pai e a sua noiva, tal como se ouve assobiar o vento suave que se enovela debaixo dos ulmeiros que rodeiam a casa. 

De vez em quando "apanho" estas pérolas!  

Este "DESEJO SOB OS ULMEIROS" é o nº. 20 duma antiga e excelente colecção "Os livros das três abelhas", que comprei não há muito tempo num alfarrabista na baixa de Lisboa e é uma edição de 1963, com tradução do conceituado escritor e também dramaturgo Jorge de Sena.

É uma história muito violenta dum filho que deseja  a propriedade e a mulher do seu pai e é nomeada com uma das melhoras obras daquele que é considerado o maior dramaturgo americano do século XX - EUGENE O'NEILL, Prémio Nobel da Literatura de 1936.

Gosto imenso do tema abordado neste grande livrinho de apenas 144 páginas, o ambiente pesado e racial, as tensas relações das gentes do Sul dos Estados Unidos, do princípio do século XX, e que me traz à lembrança belíssimos livros sobre tema semelhante:
-"A sangue frio" e "A harpa de ervas", dois grandes livros de Truman Capote, 
o excelente, mas certamente pouco conhecido, "Sempre o Diabo" de Donald Ray Pollock, 
-"O coração é um excelente Caçador Solitário", "Reflexos num olho dourado" e "A balada do café triste", três grandes romances da magnífica Carson McCullers,
podendo ainda englobar nesta lista o grande livro "A filha do Coveiro" da escritora (com E grande), Joyce Carol Oates.


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Eugene O'Neill - Nova Iorque-EU-1888-1953



5 - muito bom

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terça-feira, 25 de julho de 2017

Diários de MIGUEL TORGA Vols. VII e VIII - LEITURAS 2017 XVI

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Estes diários de MIGUEL TORGA (num só volume) abrangem o período entre 20 de Maio de 1953 e o Natal de 1959.

Os diários de Miguel Torga, estes como todos os anteriores que já li, não serão, para determinadas alturas, uma leitura alegre que nos deixe com boa disposição, até porque me parece que Miguel Torga seria um homem pouco "colorido", um homem da terra que parece falar a linguagem das pedras.

Parece estar quase sempre de mal com a vida e com os homens, são raros ou, que me lembre, nunca, em qualquer dos seus diários que já li, me conseguiu "arrancar" não mais do que um sorriso amarelo, a sua leitura da alma humana portuguesa é retratada por ele como mais ninguém.

Gosto de diários e por isso continuo a lê-los pois marcam determinadas épocas e ficamos a conhecer situações por vezes curiosas da vida portuguesa (ao tempo) que certamente desconheceríamos se não fosse por esta via. 

Contudo, curiosamente, encontrei esta sua opinião (de 10.09.1953) que afinal me parece estar tão actual: "O milagre de Ataturk, a ocidentalização a martelo da Turquia, deu como resultado que em vez dum povo a mais na Europa, há um povo a menos no mundo. Um povo original, entenda-se."

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nota 3  -  razoável

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sábado, 15 de julho de 2017

"QUARTETO NO OUTONO" - BARBARA PYM - LEITURAS 2017 - XV

Teresa's review of Quarteto no Outono


Só há pouco mais de um mês tomei conhecimento da existência desta escritora inglesa, BARBARA PYM e não conhecia nenhum dos seus livros publicados em Portugal.

Este "QUARTETO NO OUTONO" é um excelente livro, mas um livro triste, um livro que nos revela vidas tão solitárias e tão tristes que nos fazem pensar muito na vida.

Edwin, Norman, Letty e Marcia são quatro colegas que trabalham no mesmo escritório e que estão à beira da reforma.

"QUARTETO NO OUTONO" é efectivamente um excelente romance sobre quatro velhos solitários.

A solidão destes quatro colegas de trabalho que, contudo, estão sempre tão longe uns dos outros. Depois das horas em que estão juntos no trabalho, eles não se visitam, não acompanham uns com os outros, fazem a sua vida isolada e numa solidão que atormenta.

E chega o dia em que Marcia é a primeira a reformar-se... 

Um livro triste!

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Barbara Pym - Reino Unido  -  1913-1980




nota 4  -  bom

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segunda-feira, 10 de julho de 2017

"PAIXÕES" - ROSA MONTERO - LEITURAS 2017 - XIV


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"História do Rei Transparente", "A louca da casa" e, sobretudo, o magnífico romance "Instruções para salvar o mundo" são excelentes livros que já li (e me atrevo a aconselhar-tarefa extremamente subjectiva-), desta escritora espanhola, ROSA MONTERO. 

Este "PAIXÕES" (cujo subtítulo é Amores e Desamores que mudaram a história) reúne uma série de histórias (18) de grandes paixões de épocas passadas ou dos nossos dias, que foram primeiramente publicadas no jornal EL PAÍS, depois de uma pesquisa intensa da autora por jornais e livros.

O trágico amor  de Inês de Castro e D. Pedro.

O pró-nazi duque de Windsor, (um espírito exorbitantemente sovina, apesar de riquíssimo) que abdicou do trono de Inglaterra para casar com a socialité, bissexual, esquelética e, igualmente, pró-nazi Wallis Simpson (tinha sido amante de diversos fascistas célebres), uma mulher dura, competitiva, egocêntrica e que esteve sempre à beira da anorexia. 
Quando, já velha e viúva, os médicos tiveram de lhe fazer uma intervenção cirúrgica, viram-se em palpos de aranha para a entubar devido às selvagens operações estéticas que tinha feito ao pescoço.

Sónia e Leão Tolstói que foi sempre terrivelmente contraditório: anjo e besta, génio e miserável.

O louco e incendiário amor entre Liz Taylor e o inteligente e culto Richard Burton.

Juan Perón e a mitómana (mentirosa) Evita que, quando criança, era calada, bastante medíocre nos estudos, totalmente anódina (insignificante) e que, quando morreu, tinha nos seus armários mais de 100 casacos de vison, 400 vestidos e 800 pares de sapatos. Contudo e apesar do seu nepotismo (favorecimento de parentes), Evita também participou na distribuição social da riqueza, já que criou mais de 1.000 orfanatos, 1.000 escolas, 60 hospitais para além de um sem número de centros para idosos.

O venenoso e dramático relacionamento entre os poetas Rimbaud e Verlaine.

A vida alucinada de Yoko Ono e (curioso) do violentíssimo John Lennon.

São dezoito pequenas histórias biográficas de grandes amores; cada uma não terá mais de cinco páginas, que li com muito interesse e que aumentaram significativamente o meu conhecimento neste campo da vida. 



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Rosa Montero - n. 1951 em Madrid




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domingo, 2 de julho de 2017

NO CAFÉ - HÁBITOS


Chop Suey, 1929 by Edward Hopper Art Print Poster Restaurant Cafe 22x26 |  eBay

Gosto de frequentar cafés e quando têem esplanada, melhor. Com frequência verifico que são hábitos dos portugueses (e não só), quando ali permanecem, na esplanada ou no interior:

  • fumar o último cigarro e deixar o maço vazio em cima da mesa (afinal para que servem os CRIADOS de mesa?)
  • papel ou qualquer outro objecto (lixo) caído no chão do café passa a ser uma autêntica bola de futebol pontapeado por tudo quanto é gente, inclusive pelo empregado de mesa (apanhá-lo e colocá-lo no caixote do lixo? nunca/jamais).
  • ir ao WC e não puxar o autoclismo  
  • sair do WC, após fazer as necessidades, e não lavar as mãos 
  • puxar cadeiras do lado, quando são mais pessoas, e sair sem prestar a mínima atenção à desarrumação total que fica para trás (não é para isso que servem os criados de mesa?)


Como pedir café em Portugal? Uma verdadeira paixão nacional! - O Guia de  Portugal



segunda-feira, 26 de junho de 2017

"VALE A PENA" - INÊS FONSECA SANTOS - LEITURAS 2017 - XIII

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Conheci esta excelente colecção "Retratos da Fundação", através dum belíssimo livrinho, de Paulo Moura, "Longe do Mar", que creio estar à venda em todos os hipermercados Pingo Doce e que relata uma viagem pela Estrada Nacional 2, de Norte a Sul de Portugal (Chaves a Faro).

Este, que agora acabei de ler, "VALE A PENA?" da jornalista e escritora INÊS FONSECA SANTOS, é outra excelente surpresa. 

Conversas com alguns escritores que nos desvendam mais alguma coisa sobre livros, nomeadamente sobre a dificuldade que, por vezes, encontram na sua publicação e ficamos ainda a saber, como o refere a autora na contracapa, de que modo acontece essa coisa que nos faz sonhar, ter medo, questionar e mudar de vida: os livros e a literatura.

-Georges Simenon levantava-se às 5, tomava uma chávena de café, às 7 estava a escrever e escrevia até às 11 da manhã. Às 11 saía, normalmente para o prostíbulo...   

-Anthony Trollope o escritor inglês (1815-1882) que inventou o marco do correio...

-Paulo José Miranda (n.1965) um autêntico desconhecido em Portugal, que, em 1999, com a sua pequena obra-prima "Natureza Morta", foi distinguido com o primeiro prémio literário José Saramago (segundo alguns, o melhor escritor de todos os que receberam este prémio), devido à sua grande dificuldade em publicar, teve de emigrar (Turquia, Brasil). 
Salienta, entre outras interessantes declarações (basta googlar -como diz o Pacheko- o nome do autor e ler a entrevista ao DN em 5 Janeiro 2013): "não tenho nada, vivo numa casa que é menor que o canil que tinha no Brasil, e nada lá dentro é meu, a não ser os poucos livros que trouxe de casa de meus pais..."  

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Inês Fonseca Santos (Lisboa, 1979)

nota 3,5  -  interessante

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segunda-feira, 19 de junho de 2017

"BIBLIOTECA" PEDRO MEXIA - LEITURAS 2017 XII


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São 65 pequenos textos, no máximo de cinco páginas cada um, muito interessantes, sobre os mais variados assuntos ligados sobretudo à literatura, nomeadamente, creio, sobre alguns livros da biblioteca particular de Pedro Mexia.

Leio sempre com muito agrado (livros ou jornais) o que escreve Pedro Mexia, e sempre que ele fala de livros, o que faz com muitíssima frequência, desperta-me a atenção e por isso mesmo, já li a maioria dos seus livros, publicados.

Nesta "BIBLIOTECA" falam-se de vários escritores, desde o génio de Balzac, actualmente um pouco esquecido, passando por Dostoievski, Tolstoi e muitos outros.

Fiquei especialmente curioso sobre uma escritora e um livro que desconhecia em absoluto, um livro sobre os últimos dias de uns velhos, dois homens e duas mulheres, colegas de escritório à beira da reforma. Todos vivem sós, solteiros ou viúvos, sem parentes chegados: "Quarteto no Outono" de Barbara Pym - excitante, o tema.

Por exemplo, sobre escritores que viram os seus livros destruídos ou pelo fogo ou pela água:

-O mexicano Octavio Paz, Prémio Nobel da Literatura em 1990, no fim da vida, ardeu-lhe uma biblioteca cheia de raridades bibliográficas;

-O italiano Giovanni Papini, perdeu os seus livros, que estavam numa cave, durante as cheias.

Perder uma biblioteca é de certo modo perder tudo, o maior pesadelo para quem fez dos livros a sua vida.




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Pedro Mexia escritor, poeta, crítico literário, cronista  - Lisboa 1972


nota 3,5  -  interessante

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quinta-feira, 8 de junho de 2017

"O BARULHO DAS CHAVES" - PHILIPPE CLAUDEL - LEITURAS 2017 - XI

O Barulho das Chaves


Os dois livros que já li (este foi o terceiro) deste excelente escritor francês, "ALMAS CINZENTAS" e "A NETA DO SENHOR LINH" são muito bons, o primeiro um romance que revela o ser humano em toda a sua fragilidade e grandiosidade e dos mais perturbadores e tristes que li na vida, o segundo uma fábula linda e sublime sobre o exílio e a solidão que é, ao mesmo tempo, um hino à amizade, à solidariedade e à compaixão. Recomendo-os vivamente. 
PHILIPPE CLAUDEL é um escritor absolutamente...não sei como dizer, que nos agarra pelo peito e nos sacode da primeira à última página.  

Este "O BARULHO DAS CHAVES" é, tal como os que já salientei, um livro igualmente triste.

Durante onze anos, Philippe Claudel deslocou-se todas as semanas a uma prisão para dar aulas de Francês. Os seus alunos, homens e mulheres condenados a penas de prisão ou em prisão preventiva.

Poucos meses após o fim dessas visitas, Claudel apercebeu-se de que esse lugar ainda fazia parte da sua vida, pois levou dentro de si uma parte da prisão, a sua monotonia, a humidade, o calor aterrador, tudo.

Mostra-nos a fragilidade do ser humano, as suas fobias na prisão, como por exemplo um mecânico na vida civil que, para aguentar, confessou a Claudel, todas as noites montava e desmontava mentalmente, peça a peça, o motor de um 504 Diesel.

Marcel, de cinquenta e sete anos que, prestes a ser libertado por falta de provas, foi acusado de abusar sexualmente da sua neta de onze anos, e que, em vez de regressar à sua aldeia se suicida na noite anterior à sua libertação. Aterrador, deixa-nos com um vazio muito frio na barriga.

São apenas 76 páginas mas são páginas de uma crueza de uma tristeza que se entranha em nós dum modo perturbador.

PHILLIPE CLAUDEL é um escritor absolutamente imperdível.


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Philippe Claudel - Nancy-França   1962

nota 4  -  bom

0-li, mas foi zero
1-desisti
2-li, mas não me cativou
3-razoável
3,5-interessante
4-bom
5-muito bom
6-excelente
7-obra-prima




sábado, 3 de junho de 2017

"DIÁRIO DA ABUXARDA - 2007-2014" MARCELLO DUARTE MATHIAS - LEITURAS 2017 - X



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Escrita simples, mensagens curtas, dizendo muito em poucas palavras, tornaram muito agradável a leitura deste bonito livro de 405 páginas. É o quinto volume da série de diários "No Devagar Depressa dos Tempos", (é o segundo que leio, do outro não me lembro, já lá vão uns anos) escrito pelo Diplomata de Carreira (assim com letra grande em jeito de homenagem ao autor), Marcello Duarte Mathias, nascido em Lisboa, em 1938.

Incidindo nos anos 2007 a 2014, viajando pelos mais diversos países, de Paris a Nova Iorque, passando pela Índia e não só, observando outras terras e outras gentes, abordam-se os mais variados temas, da forma que já referi -simples, resumido e muito interessante e para tornar a leitura mais agradável e curiosa são escritos bem longe daqueles politicamente correctos, (embora sobre alguns a minha opinião não seja  exactamente a mesma). Aprende-se com todos os livros e com este aprendi mais algumas coisas, umas que desconhecia totalmente e outras extremamente curiosas e que nos põem a pensar.  

Por exemplo:

-Na América, o êxito profissional é um imperativo patriótico. Scott Fitzgerald dizia que a característica da vida americana era a de não dar a ninguém uma segunda oportunidade.

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"Via Rápida de 4 Faixas" - Edward Hopper  1956

-Exposição Edward Hopper no Grande Palais (Paris). Olhar diferente, todo o pintor traz consigo uma paisagem afectiva, Hopper é disso o perfeito exemplo.
Ao brilho, eficácia, trepidação da existência americana, que está sempre a encontrar soluções e a inventar o futuro, Hopper contrapõe a solidão, o abandono, o naufrágio quotidiano. O desalento das almas, para tudo dizer. Estas gentes tresmalhadas que povoam, como que por acaso, o espaço destes quadros, não esperam sequer pela morte - estão alhures, como se dela já tivessem desistido. Perderam a vida em vida, e agora não sabem o que fazer com o que dela resta. Tornaram-se clandestinos de si próprios...

E muitos outros assuntos interessantes são abordados neste diário (de 2007 a 2014), que li sempre à espera da página seguinte...

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Marcello Duarte Mathias


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segunda-feira, 29 de maio de 2017

JORNAL SARAMAGUIANO

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"JOSÉ SARAMAGO - Nas Suas Palavras", foi o último livro que li sobre este grande escritor português.

É uma recolha seleccionada de interessantíssimas intervenções de José Saramago feitas por esse mundo fora. 

Fiquei por exemplo a conhecer um pouco melhor do seu carácter: melancólico e reservado, solidário e relativista, orgulhoso e irónico, sempre propenso à indignação. 
Disciplinado, tenaz, ateu, cosmopolita (cidadão de todos os países; que despreza as fronteiras), austero, coerente, firme nas suas convicções, sério, solitário por temperamento, racionalista, céptico, tímido, terno, anti-pedante, implacável, pessimista, polémico, leal, sincero, generoso, duro por fora e frágil por dentro, elegante, frugal, directo, compassivo, inconformista, trabalhador, independente, distante, ético, imaginativo, comunista, solidário, orgulhoso, reflexivo, possuidor de um acentuado sentido de dignidade, irónico, austero, beligerante, meticuloso, relativista, português, brilhante, sensível, honesto, incómodo, sarcástico, individualista. 

Um homem possuído desde a juventude por uma insaciável curiosidade cartográfica que defendia com firmeza as opiniões sem calcular as consequências, acostumado a dizer o que pensava e a meditar o que dizia, disposto a forjar o seu perfil público nos meios de comunicação de todo o mundo, uma tarefa que assumia como mais uma obrigação do seu compromisso, até tomar a aparência de uma espécie de labor missionário laico.




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quarta-feira, 24 de maio de 2017

"BILHETE PARA A VIOLÊNCIA" - LUÍS ALVES MILHEIRO - LEITURAS 2017 - IX

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"Bilhete para a Violência" foi-me amavelmente oferecido pelo próprio autor e, por isso mesmo, passou logo a ser uma das minhas prioridades de leitura passando-o à frente da fila de livros que tinha (e tenho) em espera. 

Conheço o Luís Alves Milheiro apenas virtualmente das "lides literárias", mais propriamente através de alguns blogues que regularmente visitamos e, sobretudo, através do belíssimo "Largo da Memória", onde tenho visto lindíssimas fotos. 
Há pessoas que, mesmo não havendo contacto pessoal e estando longe, algo as aproxima, talvez pela coincidência ou semelhança de gostos, interesses. sentimentos, etc...

Não terá sido uma surpresa o facto de ter gostado deste livro pois conheço minimamente a escrita do autor, nomeadamente através dos seus excelentes blogues, "Largo da Memória", "A minha carroça de livros", "Viagens pelo Oeste" e "Casario do Ginjal", que visito com frequência.. 

"Bilhete para a violência" aborda um tema bem actual na sociedade portuguesa -a violência no futebol português e, sobretudo, sobre a arbitragem portuguesa-, que julgo nunca ter visto (em livro) abordado desta forma, ao mesmo tempo tão simples mas tão nua e crua. Sabemos que é um tema demasiado obscuro e que mexe com muitos interesses e muita gente da sociedade portuguesa para que haja coragem para ser esmiuçado.

O Pedro Gama é um jornalista desempregado, divorciado, que resolve aceitar um convite de uma amiga que dava aulas no secundário, para passarem um fim de semana junto ao mar.

Este fim de semana, que não corre bem, vai desencadear uma série de situações que vão torná-lo numa aventura cheia de uma violência absolutamente inimaginável numa pequena aldeia em que os seus habitantes se tornam absolutamente irracionais durante um jogo de futebol que opõe a equipa da terra a um rival de uma aldeia próxima. E o absurdo inimaginável acontece... 

História simples mas bem actual que consegue prender-nos (à história e aos personagens). Tive pena de não ter "convivido" mais com o Leonardo o cão amigo que afinal foi dos únicos que lhe deram (ao Pedro Gama) o gosto do que é saborear a amizade.

Obrigado e Parabéns Luís Eme!


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