segunda-feira, 26 de junho de 2017

"VALE A PENA" - INÊS FONSECA SANTOS - LEITURAS 2017 - XIII

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Conheci esta excelente colecção "Retratos da Fundação", através dum belíssimo livrinho, de Paulo Moura, "Longe do Mar", que creio estar à venda em todos os hipermercados Pingo Doce e que relata uma viagem pela Estrada Nacional 2, de Norte a Sul de Portugal (Chaves a Faro).

Este, que agora acabei de ler, "VALE A PENA?" da jornalista e escritora INÊS FONSECA SANTOS, é outra excelente surpresa. 

Conversas com alguns escritores que nos desvendam mais alguma coisa sobre livros, nomeadamente sobre a dificuldade que, por vezes, encontram na sua publicação e ficamos ainda a saber, como o refere a autora na contracapa, de que modo acontece essa coisa que nos faz sonhar, ter medo, questionar e mudar de vida: os livros e a literatura.

-Georges Simenon levantava-se às 5, tomava uma chávena de café, às 7 estava a escrever e escrevia até às 11 da manhã. Às 11 saía, normalmente para o prostíbulo...   

-Anthony Trollope o escritor inglês (1815-1882) que inventou o marco do correio...

-Paulo José Miranda (n.1965) um autêntico desconhecido em Portugal, que, em 1999, com a sua pequena obra-prima "Natureza Morta", foi distinguido com o primeiro prémio literário José Saramago (segundo alguns, o melhor escritor de todos os que receberam este prémio), devido à sua grande dificuldade em publicar, teve de emigrar (Turquia, Brasil). 
Salienta, entre outras interessantes declarações (basta googlar -como diz o Pacheko- o nome do autor e ler a entrevista ao DN em 5 Janeiro 2013): "não tenho nada, vivo numa casa que é menor que o canil que tinha no Brasil, e nada lá dentro é meu, a não ser os poucos livros que trouxe de casa de meus pais..."  

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Inês Fonseca Santos (Lisboa, 1979)

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segunda-feira, 19 de junho de 2017

"BIBLIOTECA" PEDRO MEXIA - LEITURAS 2017 XII


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São 65 pequenos textos, no máximo de cinco páginas cada um, muito interessantes, sobre os mais variados assuntos ligados sobretudo à literatura, nomeadamente, creio, sobre alguns livros da biblioteca particular de Pedro Mexia.

Leio sempre com muito agrado (livros ou jornais) o que escreve Pedro Mexia, e sempre que ele fala de livros, o que faz com muitíssima frequência, desperta-me a atenção e por isso mesmo, já li a maioria dos seus livros, publicados.

Nesta "BIBLIOTECA" falam-se de vários escritores, desde o génio de Balzac, actualmente um pouco esquecido, passando por Dostoievski, Tolstoi e muitos outros.

Fiquei especialmente curioso sobre uma escritora e um livro que desconhecia em absoluto, um livro sobre os últimos dias de uns velhos, dois homens e duas mulheres, colegas de escritório à beira da reforma. Todos vivem sós, solteiros ou viúvos, sem parentes chegados: "Quarteto no Outono" de Barbara Pym - excitante, o tema.

Por exemplo, sobre escritores que viram os seus livros destruídos ou pelo fogo ou pela água:

-O mexicano Octavio Paz, Prémio Nobel da Literatura em 1990, no fim da vida, ardeu-lhe uma biblioteca cheia de raridades bibliográficas;

-O italiano Giovanni Papini, perdeu os seus livros, que estavam numa cave, durante as cheias.

Perder uma biblioteca é de certo modo perder tudo, o maior pesadelo para quem fez dos livros a sua vida.




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Pedro Mexia escritor, poeta, crítico literário, cronista  - Lisboa 1972


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quinta-feira, 8 de junho de 2017

"O BARULHO DAS CHAVES" - PHILIPPE CLAUDEL - LEITURAS 2017 - XI

O Barulho das Chaves


Os dois livros que já li (este foi o terceiro) deste excelente escritor francês, "ALMAS CINZENTAS" e "A NETA DO SENHOR LINH" são muito bons, o primeiro um romance que revela o ser humano em toda a sua fragilidade e grandiosidade e dos mais perturbadores e tristes que li na vida, o segundo uma fábula linda e sublime sobre o exílio e a solidão que é, ao mesmo tempo, um hino à amizade, à solidariedade e à compaixão. Recomendo-os vivamente. 
PHILIPPE CLAUDEL é um escritor absolutamente...não sei como dizer, que nos agarra pelo peito e nos sacode da primeira à última página.  

Este "O BARULHO DAS CHAVES" é, tal como os que já salientei, um livro igualmente triste.

Durante onze anos, Philippe Claudel deslocou-se todas as semanas a uma prisão para dar aulas de Francês. Os seus alunos, homens e mulheres condenados a penas de prisão ou em prisão preventiva.

Poucos meses após o fim dessas visitas, Claudel apercebeu-se de que esse lugar ainda fazia parte da sua vida, pois levou dentro de si uma parte da prisão, a sua monotonia, a humidade, o calor aterrador, tudo.

Mostra-nos a fragilidade do ser humano, as suas fobias na prisão, como por exemplo um mecânico na vida civil que, para aguentar, confessou a Claudel, todas as noites montava e desmontava mentalmente, peça a peça, o motor de um 504 Diesel.

Marcel, de cinquenta e sete anos que, prestes a ser libertado por falta de provas, foi acusado de abusar sexualmente da sua neta de onze anos, e que, em vez de regressar à sua aldeia se suicida na noite anterior à sua libertação. Aterrador, deixa-nos com um vazio muito frio na barriga.

São apenas 76 páginas mas são páginas de uma crueza de uma tristeza que se entranha em nós dum modo perturbador.

PHILLIPE CLAUDEL é um escritor absolutamente imperdível.


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Philippe Claudel - Nancy-França   1962

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sábado, 3 de junho de 2017

"DIÁRIO DA ABUXARDA - 2007-2014" MARCELLO DUARTE MATHIAS - LEITURAS 2017 - X



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Escrita simples, mensagens curtas, dizendo muito em poucas palavras, tornaram muito agradável a leitura deste bonito livro de 405 páginas. É o quinto volume da série de diários "No Devagar Depressa dos Tempos", (é o segundo que leio, do outro não me lembro, já lá vão uns anos) escrito pelo Diplomata de Carreira (assim com letra grande em jeito de homenagem ao autor), Marcello Duarte Mathias, nascido em Lisboa, em 1938.

Incidindo nos anos 2007 a 2014, viajando pelos mais diversos países, de Paris a Nova Iorque, passando pela Índia e não só, observando outras terras e outras gentes, abordam-se os mais variados temas, da forma que já referi -simples, resumido e muito interessante e para tornar a leitura mais agradável e curiosa são escritos bem longe daqueles politicamente correctos, (embora sobre alguns a minha opinião não seja  exactamente a mesma). Aprende-se com todos os livros e com este aprendi mais algumas coisas, umas que desconhecia totalmente e outras extremamente curiosas e que nos põem a pensar.  

Por exemplo:

-Na América, o êxito profissional é um imperativo patriótico. Scott Fitzgerald dizia que a característica da vida americana era a de não dar a ninguém uma segunda oportunidade.

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"Via Rápida de 4 Faixas" - Edward Hopper  1956

-Exposição Edward Hopper no Grande Palais (Paris). Olhar diferente, todo o pintor traz consigo uma paisagem afectiva, Hopper é disso o perfeito exemplo.
Ao brilho, eficácia, trepidação da existência americana, que está sempre a encontrar soluções e a inventar o futuro, Hopper contrapõe a solidão, o abandono, o naufrágio quotidiano. O desalento das almas, para tudo dizer. Estas gentes tresmalhadas que povoam, como que por acaso, o espaço destes quadros, não esperam sequer pela morte - estão alhures, como se dela já tivessem desistido. Perderam a vida em vida, e agora não sabem o que fazer com o que dela resta. Tornaram-se clandestinos de si próprios...

E muitos outros assuntos interessantes são abordados neste diário (de 2007 a 2014), que li sempre à espera da página seguinte...

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Marcello Duarte Mathias


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